Geografia 10º ano | A população: evolução e diferenças regionais


A POPULAÇÃO: EVOLUÇÃO E DIFERENÇAS REGIONAIS


Os recenseamentos, ou Censos, são inquéritos obrigatórios de cariz estatística fornecidos de 10 em 10 anos que permitem conhecer e caracterizar a população de um país.

Este tipo de inquérito permite que os governos locais e centrais conheçam a sua população de modo a diagnosticar, planear e executar políticas públicas de modo a beneficiar a sua população.

As variáveis demográficas são indicadores estatísticos que permitem estudar a população.

Para estudar a evolução da população recorre-se a três componentes:

  • Crescimento Natural (CN) que resulta da diferença entre o valor absoluto da natalidade (N) e o valor absoluto da mortalidade (M), ou seja, CN = N – M.
  • Saldo Migratório (SM) que resulta da diferença entre o valor absoluto da imigração (I) e do valor absoluto da emigração (E), ou seja, SM = I – M.
  • Crescimento Efetivo (CE) que corresponde à soma do crescimento natural e do saldo migratório, ou seja, CE = CN + SM. Permite avaliar melhor a evolução da população em valores absolutos pois resulta da soma das variáveis natural e migratória. Se for positivo significa que a população cresceu, se for negativo significa que a população reduziu e se for nulo estagnou.

Contudo, para comparar dados demográficos é necessário recorrer a taxas ou índices cujo valor expressa-se em permilagem (‰) ou percentagem (%) pois a população de cada região é diferente.

Taxas:

  • Taxa bruta de natalidade (TBN) é o quociente entre a natalidade (N) e a população total ou população absoluta (PT ou PA), multiplicado por 1000 habitantes, isto é, TBN = N : PT x 1000
  • Taxa bruta de mortalidade (TBM) é o quociente entre a mortalidade (M) e a população total ou absoluta (PT ou PA), multiplicado por 1000 habitantes, isto é, TBM = M : PT x 1000.
  • Taxa de fecundidade (TF) resulta do quociente da natalidade (nados vivos até 1 ano) (N) e a população de mulheres (M) em idade fértil (15-49 anos), multiplicado por 1000 habitantes, isto é, TF = N : M(15-49) x 1000
  • Taxa de crescimento natural (TCN) é o resultado da diferença entre a taxa bruta de natalidade (TN) e a taxa bruta de mortalidade (TM), ou seja, TCN = TBN – TBM
  • Taxa de crescimento migratório ou saldo migratório (TCM) é o resultado da diferença entre a imigração (I) e emigração (E) sobre o quociente da população total e multiplicando por 1000 habitantes, ou seja, TCM = [ (I – E) : PT ] x 1000
  • Taxa de crescimento efetivo (TCE) resulta da diferença entre a natalidade (N) e mortalidade (M) com a soma da diferença entre a imigração (I) e emigração (E) sobre o quociente da população total (PT) multiplicando por 1000 habitantes, ou seja, TCE = [ (N – M) + (I – E) ] : PT x 1000

A evolução populacional de Portugal tem variado ao longo dos últimos anos. Desde 1960 que a natalidade em Portugal tem decrescido.

Algumas principais causas associadas à baixa natalidade são:

  • Planeamento familiar
  • Uso de métodos contraceptivos
  • Inserção da mulher no mercado de trabalho
  • Aumento do custo de um filho
  • Maior preocupação pelo bem estar individual
  • Aumento do custo de vida
  • Período cada vez mais tardio de mulheres mães
  • Menor número de casamentos

Contudo para avaliar a natalidade, a taxa de fecundidade é mais precisa porque relaciona os nascimentos com as únicas pessoas que conseguem gerar filhos, neste caso as mulheres dos 15 aos 49 anos. Para haver renovação de gerações é necessário atingir o valor de 2,1 filhos (nº médio) por mulher em idade fértil.

Ao nível da distribuição da população, existe maior natalidade no litoral do país do que nas regiões interiores, visto que estas últimas são menos povoadas e mais envelhecidas.

A mortalidade, à semelhança da natalidade, também tem decrescido em Portugal.

Fatores que explicam o decréscimo da mortalidade:

  • Melhor serviço de saúde
  • Avanço científico no campo da medicina
  • Mais informação sobre cuidados a ter com a alimentação e estilos de vida saudáveis
  • Melhor condições de trabalho
  • Melhores condições de higiene e segurança

Contudo, ao contrário da natalidade, a taxa de mortalidade é maior nas regiões menos populosas e mais
envelhecidas e com menos serviços de saúde, destacando-se o Alentejo, as Beiras e Trás-os-Montes.

No que toca à mortalidade infantil, esta também tem diminuído devido a:

  • Desenvolvimento de vacinas
  • Melhores condições sanitárias e hospitalares
  • Melhor assistência médica

Os indicadores relativos à natalidade e mortalidade em Portugal revelam características de um país desenvolvido em condições socioeconómicas e políticas.

Os movimentos migratórios afetam a evolução da população. Em Portugal, a emigração tem um peso significativo a nível demográfico e económico no país.

As principais razões para a emigração são:

  • Procura de melhores salários
  • Procura de melhores condições de vida
  • Procura de melhores empregos

Fases da emigração portuguesa:

  • 1ª Fase (1960-70) – aumento da emigração devido à Guerra Colonial e à oferta de emprego nos serviços e industrias dos países da Europa Ocidental devastados pela Segunda Guerra Mundial.
  • 2ª Fase (1974-79) – decréscimo da emigração devido ao fim da ditadura e abertura ao regime democrático, bem como a crise petrolífera que fez com que os países europeus controlassem a imigração.
  • 3º Fase (1980-90) – diminuição da emigração devido à entrada de Portugal na CEE.
  • 4ª Fase (1990-2000) – aumento da emigração possivelmente devido à liberdade de circulação dentro dos países aderentes ao Espaço Schengen.
  • 5º Fase (2000-09) – aumento da emigração devido à crise económico-financeira de 2008
  • 6º Fase (2010-atualmente) – aumento da emigração devido ao elevado custo de vida, falta de oportunidades e baixo investimento estrangeiro.

Por outro lado, também a imigração tem forte influência no crescimento efetivo da população e na economia do país.

Fases da imigração portuguesa:

  • 1ª Fase (1974-85) – regresso dos retornados da Guerra Colonial e fim da ditadura.
  • 2ª Fase (1986-2000) – entrada de Portugal na CEE e aumento do investimento direto estrangeiro.
  • 3ª Fase (2000-atualidade) – aumento da imigração para setores de atividade menos qualificados e que carecem de mão de obra.

Assim, como a natalidade, o saldo migratório é negativo nas regiões do litoral e urbanas do que nas regiões interiores.

A estrutura etária é uma estrutura em forma de pirâmide dividida por idades que caracteriza uma população. Esta pirâmide é constituída por barras separando a população em sexo e idades.

Cada grupo de idades corresponde a um grupo etário, sendo estes os seguintes:

  • Jovens: 0-14 anos
  • Adultos ou população ativa: 15-54 anos
  • Idosos: +65 anos

Uma classe oca é uma classe etária que é mais curta que a classe etária superior.

A estrutura etária é importante para se poder planear o que se deve ou não ser feito consoante as
necessidades de cada população com base na pirâmide etária.

A pirâmide etária portuguesa é descrita tendo uma base curta e um topo largo, marcado pelo duplo envelhecimento associado à baixa natalidade, à diminuição da mortalidade e do aumento da esperança
média de vida.

O grupo ativo da população portuguesa varia consoante fatores demográficos e socioeconómicos, como por exemplo:

  • Proporção de adultos
  • Comportamento do saldo migratório (se o saldo for positivo maior o grupo ativo)
  • Situação económica (ausência de crises e crescimento económico aumenta o grupo ativo)

Para sabermos como varia a evolução da população ativa, observamos como varia a taxa de atividade (TA = População Ativa : População Total x 1000).

Em Portugal, o grupo ativo tem diminuído devido a três fatores essenciais:

  • Aumento do envelhecimento
  • Aumento da emigração e diminuição da imigração (esta última até 2017)
  • Baixa natalidade

Quando se estuda a estrutura da população ativa tem-se em conta três setores de atividade:

  • Primário (exploração direta de recuros naturais como agricultores, pastores, mineiros)
  • Secundário (transformação de recursos em produtos utilizáveis como a indústria)
  • Terciário (ligado à atividades comerciais e prestação de serviços como bancos, professores, etc)

Estes três setores têm variações:

  • O primeiro setor diminuiu devido ao aumento das qualificações dos portugueses, trabalho mal pago e maior modernização do setor.
  • O segundo setor diminuiu devido à maior evolução tecnológica e deslocalização das empresas.
  • O terceiro setor é o único que regista aumentos devido ao aumento da terciarização (aumento e diversidade de atividades ligado à industria, serviços, lazer, cultura, administração, educação, saúde e comércio).

Os problemas sociodemográficos como a baixa natalidade e o envelhecimento da população têm consequências a nível económico, demográfico e social. A nível económico: diminuição da população ativa, agravamento das contas públicas devido às pensões, gastos em saúde, apoios, equipamentos. A nível demográfico: diminuição da fecundidade e da população residente. A nível social: diminuição do espírito empreendedor e de inovação e maior recetividade às mudanças.

Relativamente ao emprego, o baixo nível educacional e a precariedade do emprego trazem vários problemas como menos crescimento económico, menos empreendedorismo e salários mais baixos, maior despesa pública que poderá tornar-se insustentável e dificuldade das empresas em contratar.

Medidas para aumentar a natalidade:

  • Alargamento da rede de cresces
  • Aumento do abono de familia
  • Aumento do tempo da licença parental
  • Livros escolares gratuitos
  • Aumento de salários
  • Flexibilização do horário de trabalho, etc

Medidas para aumentar a qualificação da população:

  • Valorizar o ensino profissional
  • Valorizar e flexibilizar o horário escolar e empresarial
  • Valorizar a relação entre empresas e instituições de ensino
  • Apostar na área de inovação e desenvolvimento
  • Programas que visam a educação de adultos

Índices de dependência:

  • Índice de dependência total = Pop .0-14 anos + Pop. > 65 anos : Pop. 15-64 anos x 100
  • Índice de dependência dos idosos = Pop. > 65 anos : Pop. 15-64 anos x 100
  • Índice de dependência dos jovens = Pop. 0-14 anos : Pop. 15-64 anos x 100

SÍNTESE

  • Recenseamentos, ou Censos:
    • inquéritos obrigatórios de cariz estatística de 10 em 10 anos que permitem conhecer e caracterizar a população de um país.
    • permitem que os governos locais e centrais conheçam a sua população de modo a diagnosticar, planear e executar políticas públicas de modo a beneficiar a sua população.
  • Variáveis demográficas:
    • indicadores estatísticos que permitem estudar a população.
  • Crescimento Natural (CN):
    • CN = N – M.
  • Saldo Migratório (SM):
    • SM = I – M.
  • Crescimento Efetivo (CE):
    • CE = CN + SM
      • CN > 0 – população aumentou
      • CN < 0 – população diminuiu
      • CN = 0 – população estagnou
  • Taxa bruta de natalidade (TBN):
    • TBN = N : PT x 1000
  • Taxa bruta de mortalidade (TBM):
    • TBM = M : PT x 1000.
  • Taxa de fecundidade (TF):
    • TF = N : M(15-49) x 1000
  • Taxa de crescimento natural (TCN):
    • TCN = TBN – TBM
  • Taxa de crescimento migratório ou saldo migratório (TCM):
    • TCM = [ (I – E) : PT ] x 1000
  • Taxa de crescimento efetivo (TCE):
    • TCE = [ (N – M) + (I – E) ] : PT x 1000
  • Como tem variado a natalidade em Portugal:
    • desde 1960 tem decrescido
  • Causas associadas à baixa natalidade em Portugal:
    • Planeamento familiar
    • Uso de métodos contraceptivos
    • Inserção da mulher no mercado de trabalho
    • Aumento do custo de um filho
    • Maior preocupação pelo bem estar individual
    • Aumento do custo de vida
    • Período cada vez mais tardio de mulheres mães
    • Menor número de casamentos
  • Valor necessário para assegurar a renovação de gerações:
    • 2,1 filhos (nº médio) por mulher em idade fértil
  • Diferenças regionais relativas à natalidade:
    • maior natalidade no litoral do país do que nas regiões interiores, visto que estas últimas são menos povoadas e mais envelhecidas.
  • Como tem variado a mortalidade em Portugal:
    • tem decrescido
  • Fatores que explicam o decréscimo da mortalidade em Portugal:
    • Melhor serviço de saúde
    • Avanço científico no campo da medicina
    • Mais informação sobre cuidados a ter com a alimentação e estilos de vida saudáveis
    • Melhor condições de trabalho
    • Melhores condições de higiene e segurança
  • Diferenças regionais relativas à mortalidade:
    • a taxa de mortalidade é maior nas regiões menos populosas e mais envelhecidas e com menos serviços de saúde, destacando-se o Alentejo, as Beiras e Trás-os-Montes
  • Causas para a diminuição da taxa de mortalidade infantil em Portugal:
    • Desenvolvimento de vacinas
    • Melhores condições sanitárias e hospitalares
    • Melhor assistência médica
  • Principais razões para a emigração em Portugal:
    • Procura de melhores salários
    • Procura de melhores condições de vida
    • Procura de melhores empregos
  • Fases da emigração portuguesa:
    • 1ª Fase (1960-70)
      • aumento devido à Guerra Colonial e à oferta de emprego nos serviços e industrias dos países da Europa Ocidental devastados pela Segunda Guerra Mundial.
    • 2ª Fase (1974-79)
      • decréscimo devido ao fim da ditadura e abertura ao regime democrático, bem como a crise petrolífera que fez com que os países europeus controlassem a imigração.
    • 3º Fase (1980-90)
      • diminuição devido à entrada de Portugal na CEE.
    • 4ª Fase (1990-2000)
      • aumento possivelmente devido à liberdade de circulação dentro dos países aderentes ao Espaço Schengen.
    • 5º Fase (2000-09)
      • aumento devido à crise económico-financeira de 2008
    • 6º Fase (2010-atualmente)
      • aumento devido ao elevado custo de vida, falta de oportunidades e baixo investimento estrangeiro.
  • Fases da imigração portuguesa:
    • 1ª Fase (1974-85)
      • regresso dos retornados da Guerra Colonial e fim da ditadura.
    • 2ª Fase (1986-2000)
      • entrada de Portugal na CEE e aumento do investimento direto estrangeiro.
    • 3ª Fase (2000-atualidade)
      • aumento da imigração para setores de atividade menos qualificados e que carecem de mão de obra.

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